Romantismo
Escola da burguesia, pela burguesia e para a burguesia.
Videoaula 1
Na videoaula, a professora Anna Legroski apresenta o contexto histórico e social do Romantismo, suas origens, características e manifestações no Brasil.
Antecedentes...
Na Alemanha:
> Publicação de Werther, de Goethe, 1774, marcado pelo sentimentalismo romântico e escapismo pelo suicídio// Schiller publica Os salteadores (1781) .
Na Inglaterra:
> Primeiros anos do séc. XIX: Lord Byron (na poesia) e Walter Scott (Ivanhoé).
Romantismo no Brasil:
Entrada via literatura francesa.
1836 Gonçalves de Magalhães publica na França o livro Suspiros poéticos e saudade e a revista Niterói, onde está o Ensaio sobre a literatura brasileira, considerado o primeiro manifesto romântico.
O verdadeiro início de uma literatura brasileira (sistema literário- Antonio Candido).
Contexto histórico (mundo):
Final do séc. XVIII: Revolução Francesa/ Guerras Napoleônicas;
Processo de industrialização, ascensão da burguesia capitalista industrial em oposição a uma classe dominada, do proletariado.
“A Revolução Francesa (1789) e o movimento romântico marcam o fim de uma época cultural em que o artista se dirigia a uma “sociedade”, a um grupo mais ou menos homogêneo, a um público cuja autoridade, em princípio, reconhecia absolutamente. A arte deixa, porém, agora, de ser uma atividade social orientada por critérios objetivos e convencionais, e transforma-se numa forma de auto expressão que cria os seus próprios padrões; numa palavra; torna-se o meio empregado pelo indivíduo singular para se comunicar com indivíduos singulares.”
(Arnold Houser)
Contexto histórico (Brasil):
1836: Período Regencial.
Antecedentes importantes: Ciclo da mineração possibilitou que os filhos das famílias mais abastadas fossem à Europa (França e Inglaterra) estudar e buscar soluções aos problemas Brasileiros.
Não havia ainda estrutura social semelhante à europeia: burguesia/proletariado, mas sim aristocracia/escravidão.
“Ser burguês”: estado de espírito, código comportamental.
Período político bastante conturbado.
1808: a vinda da corte portuguesa ao Brasil: início de um processo de urbanização e “descolonização”.
1822: Independência brasileira, sem abalar estruturas socioeconômicas, principalmente.
De 1823 a 1831: período conturbado/ autoritarismo de D. Pedro I: dissolução da Assembleia Constituinte/Constituição outorgada/ Confederação do Equador/ Luta pelo trono português/ abdicação.
1840: maioridade prematura de D. Pedro II (14 anos).
Características Gerais do Romantismo
>>> Características bastante difusas, modificadas temporalmente// houve evolução no comportamento dos autores.
Oposição aos modelos clássicos;
Retomada dos valores do final da Idade Média (Trovadorismo), coincidentes com o surgimento da burguesia;
Arte de caráter mais popular, valorizando o folclore e o nacional;
Indivíduo como centro das atenções;
Imaginação & sentimento;
Interpretação subjetiva da realidade;
Obras deixam de ter o caráter somente das encomendas, passando a atingir um público amplo e anônimo;
Novo público “consumidor”: mulheres, estudantes;
Ascensão do romance como o gênero representativo;
Nacionalismo, passado histórico, heróis nacionais (Idade Média);
Nacionalismo (no Brasil): busca pela “cor local”, elementos significativamente distantes da literatura portuguesa, que representem a singularidade da literatura brasileira;
Volta ao catolicismo medieval em oposição ao paganismo árcade;
Natureza assumindo múltiplos significados: extensão da pátria, refúgio à cidade, prolongamento dos sentimentos e emoções do poeta;
Sentimentalismo e valorização das emoções pessoais: mundo interior, subjetivismo, egocentrismo, individualismo, perdendo-se a consciência coletiva, social (em certos aspectos).
Choque entre o mundo, a realidade objetiva, e o mundo interior do poeta;
Sentimento de Evasão Romântica: fugas da realidade (álcool, ópio, prostíbulos), idealizações (do amor, da mulher, da infância, da sociedade), culto à morte.
>>>Aspectos formais:
Desvincula-se dos padrões e normas do Classicismo;
Verso livre e branco;
Caracteriza-se o “acento da inspiração”, em consonância ao ideal romântico da individualidade, da expressão subjetiva, primando pela emoção.
“O romantismo pós-revolucionário reflete uma nova maneira de conceber a vida e o mundo, e, principalmente, cria uma nova interpretação de liberdade artística. Esta liberdade deixa de ser um privilégio do gênio para ser prerrogativa nata de cada artista e de cada pessoa dotada de talento. O pré-romantismo só ao gênio permitia que fugisse às regras estabelecidas, ao passo que o romantismo propriamente dito nega a validade de quaisquer regras objetivas. Toda forma de expressão individual é única, insubstituível, e contém em si as suas próprias leis e padrões, e esta é a grande aquisição que a revolução doou à arte. O movimento romântico passa, agora, a ser uma luta de libertação, não só contra academias, igrejas, cortes, patronos, amadores, críticos e mestres, mas também contra o próprio princípio da tradição, da autoridade, da norma. Sem a atmosfera intelectual criada pela Revolução, esta luta é inconcebível; ela deve à Revolução o seu desencadeamento e a sua influência. Toda a arte moderna é, até certo ponto, o resultado desse combate romântico pela liberdade.”
(Arnold Hauser)
Videoaula 2
Na segunda videoaula, a professora Ana Tezza recupera os pontos centrais sobre o Romantismo e apresenta os principais autores do movimento.
Romantismo no Brasil (poesia):
As gerações românticas
>>> Primeira geração- nacionalista ou indianista.
Exaltação da natureza, volta ao passado histórico, índio como herói nacional;
Sentimentalismo e religiosidade.
Principais autores: Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias.
>>> Segunda geração-ultrarromântica, byroniana ou mal-do-século.
Centralização no indivíduo;
Influenciada pela poesia de Lord Byron;
Impregnada de egocentrismo, negativismo, pessimismo, dúvida, desilusão, tédio constante;
Fuga da realidade e exaltação da morte;
Idealização do amor, da mulher, da infância.
Principais autores: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.
>>> Terceira geração- condoreira, hugoana ou abolicionista.
Poesia social, libertária, abolicionista;
Refletem as lutas internas da segunda metade do reinado de D. Pedro II;
Influenciada pela obra social de Victor Hugo;
Liberdade simbolizada pelo condor.
Principais autores: Castro Alves, Tobias Barreto, Sousândrade.
"Últimos cantos", uma obra exemplar da poesia
Leitura obrigatória para o vestibular UFPR, o livro "Últimos cantos", de Gonçalves Dias é uma obra que transita entre as três fases da poesia romântica. Abrindo com indianismo, o autor também recai no ultrarromantismo e flerta com algumas questões condoreiras. Clique na imagem para acessar o site exclusivo sobre o livro, com resumos, análises e videoaulas.
Romantismo no Brasil (prosa e teatro)
A transformação do Rio de Janeiro em corte cria uma sociedade “consumidora de entretenimentos locais” (literatura, jornais, teatro).
>> Características do romance/teatro romântico brasileiro:
Romances: Descrições dos costumes urbanos, amenidades da corte e do campo, o índio idealizado.
Teatro: comédia de costumes, ingênua, sátira leve, construção de uma fisionomia moral da época pelo viés da ironia, com personagens tipo, caricatos.
Principais autores da prosa: Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida, José de Alencar, Visconde de Taunay;
Principal autor do teatro: Martins Pena.